

Mundos da fantasia
Quem nunca se deixou maravilhar pelos mundos da fantasia? Dos clássicos contos de fadas lidos quando éramos crianças, dos desenhos animados e filmes épicos que comoveram gerações, até as realidades em gráficos de alta definição (ou mesmo pixelados) dos games, todo mundo fantástico vem seduzir a imaginação, feito borboleta que entra pela janela e nos convida a brincar lá fora.
Eu tenho algumas memórias muito vivas desses mundos que fizeram parte da minha vida e que definem o tipo de escritor que me tornei. Tenho quase certeza que a coleção de livros dos Pingos, de Eliardo França e Mary França, foi minha maior motivação para aprender a ler. Eu gostava muito daqueles personagens, pequenas criaturas vivendo na floresta, fazendo suas coisas mágicas. Então ler era uma forma de fazer parte daquele mundo. Isso foi a porta de entrada que me fez querer ler muitas coisas depois, do universo da literatura infantil e das histórias em quadrinhos. E a literatura infantil brasileira é uma das melhores do mundo!
Cresci vendo desenhos animados, dos clássicos feitos à mão até as animações modernas da computação gráfica. Uma das melhores coisas da minha experiência universitária foi conhecer pessoas diferentes, expandir minhas bases culturais: foi aí que conheci as animações dos estúdios Ghibli, que são uma grande fonte de inspiração para mim como escritor. Filmes como O serviço de entregas de Kiki ou Ponyo: uma amizade que veio do mar, além da beleza e da aventura, têm uma sutileza muito especial: eles provam que não é preciso haver grandes batalhas para que haja uma grande história.
E quem nunca se encantou com a Terra do Nunca, com a vila dos Hobbits e os lugares maravilhosos da Terra Média, com os salões de Hogwarts e os campos de Nárnia? Esses clássicos da literatura e do cinema definiram o imaginário de gerações - a forma como pensamos em lugares, criaturas e histórias fantásticas. Mais do que isso, essas histórias nos ensinaram a sonhar.
Então, com tantas sementes, acabei percebendo haver um jardim fértil em minha mente: há tantos mundos fantásticos germinando por ali, que preciso cuidar deles, nutri-los e deixá-los crescer. Mas como criar um mundo de fantasia? Nesse movimento que tenho feito, de aplicar o minimalismo à escrita, sinto que a criação mais espontânea é a que melhor funciona para mim. E espontâneo significa mais simples.
A literatura não pode nem deve competir com as produções cinematográficas. Um livro oferece uma experiência única, que nenhum estúdio de Hollywood é capaz de reproduzir: deixar que a imaginação do leitor ajude a contar a história. Então, a meu ver, a melhor forma de criar um mundo de fantasia é fazê-lo como um sonho: com detalhes importantes, mas meio nebuloso às vezes, com a indefinição típica de um mundo aberto para infinitas possibilidades.
Tulio Ferneda