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Anne de Green Gables (Lucy Maud Montgomery)

Anne de Green Gables é um romance de formação, no qual acompanhamos a vida da jovem Anne Shirley desde os onze anos de idade, quando é adotada pelos irmãos Mathew e Marila Cuthbert e passa a viver na fazenda de Green Gables. É uma história capaz de emocionar, tamanha a empatia que provoca no leitor com relação à protagonista e seus desafios, sonhos e esperanças.

Aliás, sonhar é um verbo que caracteriza bem a heroína dessa história. Anne é uma jovem  sensível, poeticamente dramática, dotada de um olhar único para a beleza da vida e da natureza ao seu redor, com notável talento para a imaginação. Sua presença em cada capítulo, muito bem marcada por falas vivas e inquietas, nos convida a apreciar sua personalidade única, seu modo de olhar o mundo e sua devoção às pessoas. Ela anseia por viver a vida plenamente e encontra paz de espírito nas coisas simples, seja na apreciação das árvores e dos campos floridos que a cercam, de cada som e aroma da natureza, seja nas aventuras vividas com suas melhores amigas, por lugares onde só vê encanto e magia. Cada acontecimento de sua vida, na escola ou na sociedade de Avonlea, gera uma emoção e cada emoção é sentida profundamente. É impossível não aprender a amar essa personagem tão querida para muitas gerações, que conquista facilmente o coração do leitor.

Outra qualidade notável em Anne é sua determinação, sua capacidade de reconhecer os próprios erros e aprender algo com eles (sem deixar de ser o que ela é, uma criança e uma jovem em formação), bem como um senso de gratidão e amor que a conduzirão, inevitavelmente, a se tornar uma pessoa extraordinária. Ela também não foge de uma boa disputa, quando precisa.

As personalidades de sua família adotiva, nas figuras do tranquilo Mathew e da séria e disciplinadora Marila, tecem um contraste com a presença vivaz e expressiva de Anne. É como se ela fosse uma luz que veio aquecer seus corações solitários, renovar suas energias e bagunçar um pouco a rotina pacata de Green Gables. O quarto de Anne, assim como a casa e a alma daqueles que convivem com ela, vai ganhando cor e vida, ao ponto de tudo se tornar irreconhecível com o passar dos anos, de uma forma boa.

Esse universo ficcional criado por Lucy Maud Montgomery, tendo Anne como fio condutor, pode ser descrito como profundamente acolhedor, capaz de aquecer o coração e renovar o espírito. 

Tulio Ferneda

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